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Defesa de Bolsonaro diz não ter tido acesso às provas em julgamento no STF

Divulgação

O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Celso Vilardi, afirmou nesta quarta-feira (3) que a defesa não teve acesso integral às provas apresentadas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) no processo em análise no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o prazo concedido também foi insuficiente para a preparação da defesa.

“Nós não tivemos acesso à prova e muito menos prazo suficiente. Nós não tivemos o tempo que tiveram a PF e a PGR. Em 34 anos é a primeira vez que eu subo a uma tribuna para dizer com toda humildade: eu não conheço a íntegra deste processo”, declarou Vilardi durante a sessão.

O advogado contestou o material utilizado pela acusação e questionou a robustez das provas contra o ex-presidente. “Mas a pergunta que se faz é: que prova é essa? Recorte de trechos de WhatsApp, documento como um papel, uma agenda que foram localizados em computadores”, disse.

Acusação de golpe

Bolsonaro é acusado de ter elaborado e aprovado uma minuta golpista, apresentada a comandantes das Forças Armadas, na tentativa de obter apoio a um plano contra o Estado Democrático de Direito. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o ex-presidente pressionou militares a aderirem ao documento, mas Vilardi sustenta que não há provas que o vinculem aos episódios investigados.

“Essa minuta, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente à Operação Luneta, Punhal Verde e Amarelo e ao 8 de Janeiro. Nem o delator falou isso. Não há uma única prova”, reforçou.

O advogado ainda argumentou que Bolsonaro teria sido “dragado para os fatos”, uma vez que a minuta encontrada não comprovaria participação direta do ex-presidente nos atos golpistas.

Crime tentado

Na manifestação, Vilardi também questionou o enquadramento jurídico da acusação. Para ele, não é possível caracterizar golpe de Estado em um suposto plano que não chegou a ser concretizado. “Dizer que o crime começou em uma live sem violência é subverter a legislação penal”, afirmou.

Delação de Mauro Cid

Outro ponto levantado pela defesa foi a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Vilardi destacou as contradições nos depoimentos prestados pelo militar.

“Não sei se foram 11, 15 depoimentos. Ele foi chamado 11, 12, 14, 16 vezes. Mas ele mudou de versão diversas vezes. Isso não sou eu quem estou dizendo, mas a própria PF e a PGR no último relatório de novembro, que apontam omissões e contradições”, argumentou.

Por conta dessas inconsistências, a defesa pede a nulidade do acordo de colaboração firmado por Mauro Cid.