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Quebra de sigilo mostrou ligações de vereadora para chefe de facção enquanto estava presa

Divulgação
Mesmo detida no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Teresina, a vereadora Tatiana Medeiros (PSB), presa desde abril por suspeita de corrupção eleitoral e envolvimento em organização criminosa, continuava acessando a internet e mantendo contato com o namorado preso, segundo relatório da Polícia Federal.
CHAMADAS DE VÍDEO
A análise do celular da vereadora, um iPhone 16 Pro Max, apreendido pela Polícia Militar dentro do alojamento onde ela estava custodiada, mostra que ela fez ao menos três chamadas de vídeo com o companheiro Alandilson Cardoso Passos, preso desde 2024 por tráfico de drogas, roubo qualificado e posse irregular de arma de fogo.
Os prints das chamadas de vídeo foram registrados nos dias 7, 9 e 13 de maio deste ano, período em que ambos estavam recolhidos em unidades prisionais. Tatiana, na sala especial do Quartel da Polícia Militar, em Teresina, e ele, em um presídio em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Além das ligações, o relatório aponta que Tatiana realizou compras online durante o tempo em que esteve presa. Um dos prints encontrados no celular mostra um pedido feito no site de um supermercado no valor de R$ 549,50, após um desconto de R$ 249,00, com data de 13 de abril de 2025. Na lista estavam produtos como sabão em pó, sabonete, desodorante, detergente, biscoitos, adoçante e achocolatado.

Imagens mostram que Tatiana Medeiros fez compras pela internet enquanto estava presa. Vereadora também pesquisou passagens aéreas | PF
PESQUISA POR PASSAGENS AÉREAS
A investigação também identificou que Tatiana pesquisou passagens aéreas partindo de Belo Horizonte com destino a Teresina, para o dia 27 de maio, sem previsão de retorno. A busca foi feita para um passageiro adulto, mesmo período em que ela já estava sob custódia da polícia. Tudo indica que essas passagens seriam para o seu companheiro.
O relatório da Polícia Federal foi produzido a partir de dados extraídos com softwares forenses, autorizados pela Justiça Eleitoral por meio de decisão da 98ª Zona Eleitoral de Teresina, que permitiu a quebra do sigilo telefônico e de dados da vereadora.
Outro ponto citado no documento é a comunicação da vereadora com seu tio, Francisco Antonio de Aguiar Medeiros. Entre os dias 10 e 17 de abril, ela trocou mensagens e realizou chamadas de voz com ele. Em uma das conversas, o tio menciona a possível devolução de bens apreendidos durante a operação. "Tomara que libere esse carro", diz Tatiana.
Em diálogo com o tio e advogado Francisco Medeiros, Tatiana é orientada sobre a importância de organizar a declaração de imposto de renda para justificar valores recebidos. Segundo ele, o procedimento seria feito “quando ela saísse”, com o apoio de um contador, a fim de escolher a “melhor linha” para formalizar o que entrou na conta da parlamentar.
Francisco também questiona Tatiana se ela poderia assinar digitalmente uma procuração, informando que estaria indo até a Câmara Municipal. A Polícia Federal não conseguiu recuperar o conteúdo desse documento.
Tatiana tambpem mantinha um grupo no Whatsapp que ela utilizava como uma espécie de caderno de anotações para registar documentos, citações, matérias, imagens ou arquivos para posterior consulta e as quais acha relevantes para ter em backup.

Grupo utilizado como caderno de anotações | Foto: Polícia Federal
LIGAÇÕES RECORRENTES
Ainda de acordo com os dados extraídos, no dia 14 de abril de 2025, Francisco enviou uma mensagem dizendo “Vou aí”. Tatiana respondeu com uma ligação e duas mensagens de texto, cujo conteúdo já havia sido apagado. No dia seguinte, 15 de abril, ela ligou diversas vezes para o tio, que respondeu com os textos: “Audiência aqui” e “Já chego aí”. Mais tarde, às 19h33, os dois conversaram por cerca de 10 minutos via chamada de voz.
Esses contatos seguiram até o dia 18 de abril, quando Tatiana alterou a configuração da conversa com Francisco no WhatsApp, programando o aplicativo para apagar todas as mensagens após 24 horas do envio. A medida foi interpretada como tentativa de dificultar o rastreio das conversas.
Outro registro de interesse dos investigadores é uma chamada de vídeo feita por Tatiana no dia 14 de abril com o número identificando-se como pertencente a Tatiana Santos da Silva, mãe da vereadora, que reside na zona norte de Teresina.
Tatiana também mantinha conversas com um contato salvo como “Savio C Amor Deus”. As mensagens com esse número também passaram a desaparecer automaticamente a partir de 26 de fevereiro de 2025, conforme mostram os metadados coletados pela PF. O número foi atribuído a Savio de Carvalho França, apontado como integrante da ONG Instituto Vamos Juntos, onde exerceria o papel de controle administrativo das famílias e lideranças beneficiadas.