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Operação Carbono Oculto: Polícia Civil cumpre mandados e interdita 49 postos suspeitos de ligação com o PCC no Piauí
Divulgação
A Polícia Civil do Piauí cumpriu, na tarde de terça-feira (4), dez mandados de busca e apreensão em Teresina e em outros municípios do Estado durante a Operação Carbono Oculto 86, que investiga a infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis.
Entre os alvos estão empresários, suas esposas e o ex-vereador e ex-secretário municipal de Relações Institucionais de Teresina, Victor Linhares (PP), que teve endereços ligados a ele incluídos nas buscas. O Cidadeverde.com tenta contato com o ex-vereador para esclarecimentos, e o espaço segue aberto para manifestações.
De acordo com as investigações, empresários piauienses, sócios de duas redes de postos de combustíveis, são suspeitos de movimentar recursos ligados a um esquema nacional de lavagem de dinheiro, fraude e ocultação de patrimônio.
Durante as diligências, quatro veículos e documentos foram apreendidos e encaminhados à sede da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), onde estão sendo analisados pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro.
As ações fazem parte de um desdobramento da operação deflagrada em agosto de 2025, que envolveu forças policiais em oito estados brasileiros. O cruzamento de informações revelou que o grupo criminoso utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para movimentar valores ilícitos por meio do setor de combustíveis, que teria registrado transações superiores a R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
49 postos são interditados no Piauí
A operação teve continuidade na manhã desta quarta-feira (5), com a interdição de 49 postos de combustíveis em 11 municípios piauienses, incluindo Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira.
O Instituto de Metrologia do Piauí (IMEPI) participa da ação e investiga fraudes nas bombas de combustíveis. Denúncias apontam que consumidores teriam pago por quantidades maiores do que a capacidade real dos tanques de seus veículos. O IMEPI e a Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária (DECCOTERC) apuram suspeitas de adulteração e manipulação nos sistemas de medição.
As medidas cautelares também atingem postos localizados no Maranhão — em Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras — e em São Miguel do Tocantins, no Tocantins.
De acordo com a SSP-PI, as ações no Estado foram antecipadas após movimentações detectadas pelos setores de inteligência, o que levou ao cumprimento imediato das ordens judiciais. Todo o material recolhido está sob a coordenação do delegado Francírio Queiroz, responsável pela parte cartorária da operação.
Até o momento, não houve prisões, mas a polícia considera fortes os indícios de ligação entre empresários piauienses e o esquema nacional investigado.
A Operação Carbono Oculto 86 é coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí, com apoio do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de laboratórios de inteligência financeira.
Entenda a Operação Carbono Oculto
Deflagrada pela Polícia Federal em agosto de 2025, a Operação Carbono Oculto busca desarticular um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis supostamente comandado pelo PCC.
Na época, foram cumpridos mandados de busca, apreensão e prisão em oito estados, com mais de 350 pessoas físicas e jurídicas investigadas por adulteração de combustíveis, fraudes fiscais, estelionato, lavagem de dinheiro e crimes ambientais.
As apurações revelaram que donos de postos foram ameaçados de morte durante negociações e que o dinheiro ilícito era movimentado por meio de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs, dificultando o rastreamento dos recursos.
Postos de combustíveis do Piauí e de outros nove estados faziam parte do esquema, recebendo pagamentos em espécie ou por meio de maquininhas de cartão, com transferências diretas para a organização criminosa.
Entre 2020 e 2024, o grupo teria movimentado R$ 52 bilhões, com recolhimento de tributos muito abaixo do devido. A Receita Federal já aplicou autuações superiores a R$ 891 milhões, e algumas empresas receberam mais de R$ 2 bilhões em notas fiscais falsas, simulando operações inexistentes.
Além disso, fintechs controladas pelo PCC funcionavam como “bancos paralelos”, movimentando mais de R$ 46 bilhões e criando camadas de ocultação financeira para dificultar o rastreamento das transações.