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Bolsonaro é preso pela Polícia Federal após ordem de Alexandre de Moraes

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso na manhã deste sábado (22) pela Polícia Federal. A ordem de prisão preventiva foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Bolsonaro foi detido na residência onde cumpria prisão domiciliar, no Jardim Botânico, área de alto padrão no Distrito Federal. Após a operação, ele foi levado à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde permanecerá em uma sala de Estado — espaço reservado para autoridades como presidentes da República e outras figuras públicas. No passado, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer também ficaram detidos nessas dependências.

Condenação e recursos da defesa

A prisão é preventiva e não corresponde ao início da execução da pena de 27 anos e 3 meses à qual o ex-presidente foi condenado pela Primeira Turma do STF por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A defesa apresentou embargos de declaração contra o acórdão, alegando contradições e fragilidades nas provas, além de cerceamento de defesa. Segundo os advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno, a decisão teria causado “profundas injustiças”, e Bolsonaro teria feito “desistência voluntária” de qualquer ação golpista.
Os ministros rejeitaram os embargos por unanimidade.

Caso das sanções e uso de tornozeleira

Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, monitorado por tornozeleira eletrônica, mas em razão de outro caso: o inquérito que apura a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, no governo dos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras com sanções.

A PF identificou transferências financeiras de Bolsonaro para Eduardo nos EUA, onde o parlamentar vive desde o início do ano. A investigação aponta que pai e filho tentaram influenciar a gestão Donald Trump a intervir junto ao STF para favorecer o ex-presidente.

Na semana passada, a Primeira Turma tornou Eduardo réu por coação no curso do processo.

Risco de prisão já rondava ex-presidente

A possibilidade de prisão acompanha Bolsonaro há anos. Em maio de 2022, ele disse a empresários que “nunca seria preso”. Em agosto de 2021, reafirmou que seu futuro teria apenas três caminhos: “ser preso, morrer ou vencer”, descartando a primeira alternativa.

Mais recentemente, porém, Bolsonaro mudou de tom. Em entrevista à revista Bloomberg, afirmou estar preparado para ser detido:
“Durmo bem, mas já estou preparado para ouvir a campainha tocar às seis da manhã: ‘É a Polícia Federal!’”.