Polícia

Empresários são denunciados por adulteração de combustíveis no Piauí

Divulgação

O Ministério Público Estadual denunciou o empresário Haran Santhiago Sampaio e João Revoredo Filho pelo crime de adulteração de combustíveis. Ambos foram alvos da operação Carbono Oculto 86, deflagrada pela Polícia Civil, que investiga um esquema envolvendo fraude no mercado de combustíveis, lavagem de capitais e possível ligação com facção criminosa.

Ao todo, sete pessoas foram investigadas durante a operação, e 47 empresas tiveram suas atividades suspensas por decisão judicial — entre elas, 39 postos de combustíveis pertencentes a Haran Santhiago e a Danillo Coelho.

O Cidadeverde.com entrou em contato com o advogado de Haran Santhiago, Jader Veloso, que informou estar em audiência e prometeu retorno à reportagem.

Provas e fiscalização

As principais evidências que embasaram a denúncia envolvem uma fiscalização do Procon no posto localizado em Lagoa do Piauí, administrado por Haran Santhiago. A inspeção constatou adulteração no óleo diesel, após denúncias feitas por motoristas da região.

João Revoredo foi denunciado por atuar como responsável pelo controle de qualidade do posto, além de orientar funcionários sobre os testes realizados nos combustíveis.

Segundo a denúncia, o laudo do Procon revelou graves irregularidades no Óleo Diesel S-500B comercializado:

  • Produto apresentava turbidez, violando normas da ANP;

  • Teor de água de 387 mg/kg, muito acima do informado na nota da distribuidora (98,8 mg/kg);

  • Indícios claros de degradação e contaminação.

Depoimentos e documentos

Ainda de acordo com o Ministério Público, João Revoredo admitiu ser responsável pelo controle de qualidade, tanto em interrogatório quanto em confissão extrajudicial durante tentativa de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP).

Documentos societários mostram que Haran Santhiago era proprietário ou sócio-administrador do posto e de outras empresas do grupo HD Petróleo, exercendo poder direto sobre as atividades. Imagens apresentadas pelo Procon apontam ainda que tanques estavam expostos e em obras, o que aumentaria o risco de contaminação por água e sedimentos.

Denúncias separadas por fatos

O promotor José William explicou que as denúncias estão sendo divididas por fatos. Neste primeiro momento, apenas a adulteração no posto de Lagoa do Piauí foi formalizada, envolvendo Haran Santhiago e João Revoredo.

Outros possíveis crimes — como adulteração em outros postos, lavagem de dinheiro e associação criminosa — permanecem em fase de diligências e com inquéritos ainda em andamento.