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Polícia Civil detalha investigação que levou à segunda fase da Operação Laverna

Divulgação

A Polícia Civil do Piauí apresentou novos detalhes sobre a segunda fase da Operação Laverna, que investiga crimes digitais relacionados à divulgação de plataformas de apostas ilegais e rifas irregulares promovidas por influenciadores nas redes sociais. Entre os alvos está Vítor Mídia, que acumula cerca de 160 mil seguidores no Instagram.

De acordo com o delegado Ayslan Magalhães, Vítor Mídia teria passado por uma rápida ascensão financeira a partir de 2023, após começar a divulgar rifas e jogos. Em 2022, ele trabalhava como mecânico, mas hoje ostenta patrimônio avaliado entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões.

“Esse principal alvo sofreu uma ascensão patrimonial rápida. Em 2023 ele entrou na rifa e hoje construiu um patrimônio considerável. Dois carros de luxo foram apreendidos na casa dele, ele comprou recentemente uma casa de R$ 500 mil e abriu uma loja de venda de motos”, afirmou o delegado.

O Cidadeverde.com tenta contato com a defesa dos investigados. O espaço permanece aberto para manifestações.

Vida de luxo e suposta filantropia

Nas redes sociais, Vítor Mídia aparece exibindo carros, motos e prêmios supostamente sorteados nas rifas. Algumas pessoas identificadas como ganhadoras também surgem nos vídeos. Ele teria afirmado que parte dos valores arrecadados era destinada a instituições beneficentes — informação que ainda será investigada.

O delegado esclarece que rifas só são legais quando promovidas por entidades sem fins lucrativos e com recursos integralmente destinados à beneficência, o que não foi identificado até o momento.

“Vamos verificar se foi repassado e o quanto foi repassado. Segundo um dos investigados, ele apenas divulgava e ganhava um valor que nem ele mesmo sabe dizer quanto ganha. O que é estranho”, destacou Magalhães.

Movimentações suspeitas

Além de Vítor Mídia, outros quatro influenciadores são alvos da operação. Juntos, eles teriam movimentado mais de R$ 5 milhões em valores considerados incompatíveis com a renda declarada.

A análise financeira identificou:

  • L.M.B. – R$ 213.606,60
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  • S.C. dos S. – R$ 1.311.784,32
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  • A.S.H.A.S. (marido de S.C.) – R$ 1.664.582,01
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  • L.C.M.J. – R$ 637.783,14
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  • J.V.A.P. – R$ 1.173.117,64, provenientes majoritariamente de microcréditos entre R$ 0,02 e R$ 20 enviados por mais de 3 mil pessoas, característica típica de rifas clandestinas.

O delegado ressaltou ainda discrepâncias nas declarações de imposto de renda, com aumentos súbitos de até R$ 200 mil entre um ano e outro.

Medidas cautelares e apreensões

A segunda fase da operação cumpriu mandados de busca e apreensão e determinou medidas cautelares como:

  • proibição de divulgar jogos e rifas;
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  • entrega dos passaportes;
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  • proibição de deixar o Piauí e o país.

Foram apreendidos cinco carros e 15 motocicletas.

Primeira fase segue em andamento

A primeira fase da Operação Laverna, deflagrada em 11 de setembro, continua em investigação. Três influenciadoras foram alvo inicial, mas o inquérito teve prazo estendido por mais 60 dias devido ao grande volume de dados que ainda precisa ser analisado.