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Empresa ligada a Whindersson Nunes tem contrato de R$ 5 milhões com a Prefeitura de Barras e levanta suspeitas
Divulgação
A TRON Atividades de Apoio à Educação Ltda., empresa frequentemente associada ao humorista Whindersson Nunes e já investigada por supostas irregularidades na Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc), também firmou um contrato milionário com a Prefeitura de Barras. A descoberta acende um alerta sobre um possível padrão de contratações suspeitas envolvendo a mesma empresa em diferentes órgãos públicos do estado.
Em agosto de 2025, a gestão do prefeito Edilson Capote assinou um contrato no valor de R$ 5 milhões com a TRON, destinado ao fornecimento de materiais pedagógicos e treinamentos voltados ao ensino de robótica na rede municipal. O ponto mais sensível identificado por técnicos e investigadores é a forma como o serviço é executado: a TRON não atua diretamente, e sim por meio da VYCMA Technologies, sediada em Eusébio, no Ceará, e apresentada como “representante exclusiva” do método utilizado.
No processo de contratação, a VYCMA aparece munida de uma declaração que lhe confere legitimidade para agir em nome da TRON, sendo descrita como a única autorizada a negociar e implementar o modelo pedagógico. Esse arranjo levanta suspeitas de direcionamento de licitação, prática que restringe concorrência e favorece empresas específicas — cenário semelhante ao apontado no contrato firmado com a Seduc.
A triangulação TRON–VYCMA–Prefeitura de Barras já é considerada um indício relevante e deve entrar no radar do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI). O contrato tem vigência de um ano, até 3 de agosto de 2026.
Ligação com Whindersson Nunes
Embora a TRON seja registrada em nome de Duana Souza Cunha, a empresa já apresentou publicamente Whindersson Nunes como sócio, inclusive em materiais de divulgação. O tema ganhou repercussão em dezembro de 2023, quando o humorista, ao receber o Troféu Influência Digital, declarou que “tinha” uma empresa no Piauí — referência interpretada como menção direta à TRON.
Posteriormente, publicações e materiais que citavam Whindersson foram apagados sem explicação. Apesar disso, a declaração do artista, em tempo verbal que indica relação ativa, contrasta com a ausência do seu nome nos documentos oficiais das contratações.
Irregularidades com a Seduc
O TCE-PI identificou oito irregularidades graves no contrato da Seduc com a TRON. Entre elas:
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Indícios de direcionamento da licitação
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Superfaturamento
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Possível dano ao erário
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Falhas na fiscalização
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Problemas na fase preparatória e na execução contratual
A repetição do mesmo formato de contratação em Barras — com valores altos, intermediação de outra empresa e alegações de “representação exclusiva” — sugere que o modelo investigado pode ser mais abrangente. Há indícios de que outras prefeituras piauienses possam ter firmado acordos semelhantes com a TRON ou empresas intermediárias.
As apurações continuam, e o caso deve ganhar novos desdobramentos nos próximos dias.