- 
								
								
								OPA transforma bairros e fortalece participação popular no Piauí
 - 
								
								
								Morre Isabel Eulálio, avó do presidente da Alepi, Severo Eulálio e da primeira-dama Isabel Fonteles
 - 
								
								
								Novas regras do saque-aniversário do FGTS entram em vigor neste sábado
 - 
								
								
								Feriado de Finados: veja o que abre e o que fecha neste domingo (2) em Teresina
 - 
								
								
								Oficial de Justiça é alvo de agressão durante cumprimento de mandado em Teresina
 
				Divulgação
A Prefeitura de Timon, sob o comando do prefeito Rafael Brito, protagoniza um episódio que evidencia como o interesse público pode ser facilmente sacrificado quando conveniências políticas entram em cena. A decisão de romper o contrato com a Naturalle Tratamento de Resíduos – empresa responsável pela limpeza urbana que vinha executando o serviço sem reclamações da população e que colocou Timon em posição de destaque regional – revela uma gestão que perdeu completamente o norte entre o que é administração pública e o que é balcão eleitoral.
A justificativa oficial apresentada pela administração municipal soa como piada de mau gosto: "dificuldades orçamentárias". Ora, se o problema é financeiro, por que não buscar renegociação, parcelamento ou outras alternativas que preservem a continuidade de um serviço essencial que estava funcionando? A resposta está nos bastidores: o que deveria ser uma decisão técnica virou moeda de troca política.
Os números são alarmantes e expõem a dimensão da irresponsabilidade administrativa. Mais de 200 empregos diretos estão em risco, dezenas de fornecedores locais podem ser prejudicados, e a dívida do município com a atual prestadora já ultrapassa os R$ 6,4 milhões – valor contestado pela própria empresa, que aponta débitos ainda maiores. Mesmo assim, o prefeito optou por romper o contrato sem apresentar nenhum estudo técnico, relatório financeiro ou plano de continuidade, deixando em risco a saúde pública e o sustento de centenas de famílias.
A Naturalle emprega diretamente essa massa de trabalhadores, movimenta a economia local e garante diariamente a coleta domiciliar, varrição e limpeza pública que fizeram de Timon referência na região. Em vez de resolver o problema das dívidas acumuladas, o governo municipal prefere entregar o serviço a uma empresa sem nome no mercado, sem frota adequada e sem qualquer expertise no setor.
Segundo informações confirmadas de bastidores, a empresa que está sendo preparada para assumir o contrato é a mesma que executa serviços no aterro sanitário da cidade – uma empresa sem histórico, sem corpo técnico especializado e com veículos antigos. Trata-se de uma decisão temerária e irresponsável, já que a coleta domiciliar e os serviços de limpeza urbana exigem planejamento logístico complexo, tecnologia adequada, controle ambiental rigoroso e cumprimento de normas federais.
Nada disso parece estar sendo considerado pela atual gestão. Esta é uma decisão que beira a negligência administrativa, pois substitui competência comprovada – aquela que colocou Timon em posição superior até mesmo à capital Teresina – por amadorismo político, colocando em risco a saúde pública de toda a população timonense.
Nos bastidores, cresce o burburinho sobre as verdadeiras motivações por trás dessa decisão. O prefeito estaria pavimentando o caminho político da primeira-dama, cotada para disputar uma vaga na Câmara Federal, e a troca de empresa faria parte de um arranjo político entre grupos locais. O contrato de limpeza teria sido "negociado" em conversas reservadas, longe dos olhos da população e dos órgãos de controle.
Como bem resumiu uma fonte próxima à administração municipal: "Não há transparência, não há critério técnico, só conveniência política". Aparentemente, a limpeza pública virou instrumento de campanha e Timon, um balcão eleitoral onde serviços essenciais são negociados como favores políticos.
A resposta da empresa: ilegalidade e arbitrariedade
A Naturalle Tratamento de Resíduos respondeu de forma contundente à tentativa de rescisão unilateral. Em documento oficial, a empresa classificou a decisão como "ato ilegal e arbitrário", destacando que o município deve mais de R$ 6,4 milhões em serviços prestados e que a rescisão viola tanto os termos contratuais quanto a Lei nº 8.666/93.
A empresa enfatizou que não foi respeitado o devido processo legal, já que a decisão veio sem contraditório, justificativa técnica ou parecer contábil que comprove as alegadas dificuldades financeiras da administração municipal. A Naturalle também denunciou o que considera uma clara burla ao procedimento licitatório, lembrando que participou regularmente de todas as etapas do certame público e agora está sendo "ilegalmente afastada da contratação" sem poder exercer seu direito de defesa.
Além disso, a empresa alertou para os custos de desmobilização, que superam R$ 1,5 milhão, incluindo verbas rescisórias, transporte e manutenção de equipamentos – valores que não foram sequer mencionados pela Prefeitura na notificação de rescisão. A Naturalle solicitou formalmente a anulação imediata do termo de rescisão e a disponibilização de todos os documentos que supostamente fundamentaram a decisão administrativa.
Apesar do impasse jurídico, a empresa informou que continuará prestando os serviços de limpeza urbana de forma integral e ininterrupta, "em respeito aos munícipes de Timon", até que haja solução definitiva para a questão.
As perguntas que ninguém quer responder
As questões que se impõem são simples, mas revelam a gravidade da situação: Por que retirar uma empresa estruturada, com resultados comprovados que colocaram Timon em posição superior até mesmo à capital Teresina, para colocar no lugar uma prestadora sem qualquer expertise? Quem realmente ganha com essa substituição? Que acordos estão sendo firmados por trás dessa decisão? Quem vai arcar com o prejuízo de milhões em dívidas e verbas trabalhistas pendentes? Por que não houve estudo técnico, parecer jurídico ou análise de impacto antes da decisão?
Essas são questões que a Câmara Municipal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas precisam responder com urgência, antes que o lixo volte a tomar conta das ruas de Timon e a cidade mergulhe em um colapso sanitário anunciado.
Do exemplo regional ao caos sanitário
O contraste é brutal e revelador. Timon saiu de uma posição invejável – com serviços de limpeza superiores aos da capital Teresina – para caminhar rumo a um colapso anunciado. E tudo isso não por falha técnica, não por incompetência da prestadora, mas por uma decisão política que coloca interesses eleitorais acima do bem-estar da população.
O caso expõe o retrato de uma gestão que perdeu completamente o rumo ético e administrativo. Em vez de priorizar a qualidade do serviço que funcionava e o bem-estar da população, a Prefeitura de Timon prefere ceder a pressões políticas e acordos eleitorais, sacrificando o interesse público em nome de conveniências pessoais.
A verdadeira sujeira
A cidade que deveria continuar sendo exemplo de boa gestão corre o risco de afundar em um colapso sanitário, enquanto a primeira-dama se prepara para pedir votos e o prefeito silencia diante do caos que ele próprio criou. A verdadeira sujeira não está nas ruas de Timon – que ainda permanecem limpas graças à resistência da Naturalle em continuar prestando o serviço –, mas nos bastidores de uma administração que trata a cidade como propriedade particular, onde serviços públicos essenciais são negociados como moeda de troca eleitoral.
A postura da Naturalle, ao continuar prestando os serviços apesar do impasse, expõe ainda mais a fragilidade da decisão municipal, que além de juridicamente questionável, coloca em risco a continuidade de um serviço essencial à população.
Conclusão: a conta sempre cai no colo do povo
A população timonense merece respostas urgentes e uma gestão que coloque o interesse público acima de ambições políticas pessoais. Enquanto os órgãos de controle não agirem com rigor, a cidade continuará refém de uma administração que perdeu completamente a noção do que significa gerir recursos públicos com responsabilidade e transparência.
Timon tinha tudo para continuar sendo exemplo. Agora, corre o risco de se tornar mais um caso de como a política pode destruir o que funciona – e de como o interesse público é facilmente sacrificado quando conveniências eleitorais entram em cena.