-
Após apanhar na cadeia, Zambelli é levada para outra cela na Itália
-
Após mais de 50 dias de luta pela vida, menino baleado em ataque em Parnaíba não resiste
-
Advogado contesta acusação contra vereador Sasa Sousa e fala em denúncia caluniosa
-
“Papai Noel do crime” é preso pela 10ª vez durante operação em José de Freitas
-
Ex-jogador Arthur Bruno é preso em Teresina por homicídio cometido em Goiás
Divulgação
Uma investigação de grandes proporções conduzida pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) colocou praticamente toda a cúpula política do município de Turilândia (MA) no centro de um esquema milionário de desvio de recursos públicos. Prefeito, vice-prefeita, 20 vereadores, um ex-vereador e a primeira-dama são apontados como integrantes de uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 56 milhões dos cofres municipais.
O prefeito Paulo Curió (União Brasil) se entregou à polícia na manhã desta quarta-feira (24/12), em São Luís, após permanecer foragido por dois dias. Além dele, também se apresentaram a primeira-dama Eva Curió, a ex-vice-prefeita Janaína Lima, o marido dela Marlon Zerrão, e o contador da prefeitura, Wandson Jhonathan Barros. Com isso, todos os mandados de prisão em aberto foram cumpridos.
As prisões fazem parte da Operação Tântalo II, que investiga um esquema de desvio de mais de R$ 56 milhões por meio de empresas de fachada criadas ou controladas pelo prefeito e seus aliados políticos. Entre os investigados estão 11 vereadores da Câmara Municipal, a atual vice-prefeita, a ex-vice-prefeita, servidores públicos, empresários e outros agentes políticos.
Deflagrada na segunda-feira (22/12), a operação é um desdobramento da Operação Tântalo, realizada em fevereiro deste ano. Segundo o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), Fernando Berniz, todos os vereadores de Turilândia teriam participado do esquema, recebendo valores desviados diretamente ou por meio de parentes.
Apesar disso, nem todos tiveram mandados de prisão preventiva decretados. Onze vereadores tiveram a prisão convertida em medidas cautelares, como prisão domiciliar ou uso de tornozeleira eletrônica. Já o prefeito Paulo Curió e a vice-prefeita deverão cumprir prisão preventiva na Unidade Prisional de Ressocialização de Pedrinhas, em São Luís.
Ao todo, foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão e 21 mandados de prisão em diversos municípios maranhenses, incluindo São Luís, Paço do Lumiar, Santa Helena, Pinheiro, Barreirinhas, Governador Nunes Freire, Vitória do Mearim, Pedro do Rosário, São José de Ribamar e Presidente Sarney.
Segundo o MPMA, há indícios da prática dos crimes de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. As irregularidades teriam ocorrido durante a gestão de Paulo Curió, entre os anos de 2021 e 2025.
Como funcionava o esquema
De acordo com as investigações, a organização criminosa era liderada pelo prefeito Paulo Curió, com apoio da atual vice-prefeita Tânia Mendes e da ex-vice-prefeita Janaína Lima. O esquema funcionava por meio de contratos fraudulentos firmados com empresas de fachada, utilizadas como “laranjas” para o desvio de recursos públicos.
Entre as empresas investigadas estão:
-
Posto Turi
-
SP Freitas Júnior Ltda.
-
Luminer Serviços Ltda.
-
MR Costa Ltda.
-
AB Ferreira Ltda.
-
Climatech Refrigeração e Serviços Ltda.
-
JEC Empreendimentos
-
Potencial Empreendimentos e Cia Ltda.
-
WJ Barros Consultoria Contábil
-
Agromais Pecuária e Piscicultura Ltda.
Envolvimento de outros políticos
O MPMA aponta que a ex-vice-prefeita Janaína Lima e o marido, Marlon Zerrão, tio da atual vice-prefeita, tiveram papel central no esquema. Conforme a investigação, o Posto Turi, de propriedade de Marlon Zerrão, recebeu R$ 17.215.000,00 dos cofres públicos de Turilândia.
Segundo o MP, o casal teria firmado um acordo com o prefeito para reter 10% dos valores dos contratos, destinados ao pagamento da faculdade de medicina de Janaína Lima. Os 90% restantes eram repassados ao prefeito ou a pessoas indicadas por ele.
Ainda conforme a apuração, o Posto Turi também foi utilizado para a emissão de notas fiscais falsas, com o objetivo de fraudar contratos e pagamentos públicos.
A investigação aponta ainda que a atual vice-prefeita Tânia Mendes e o marido, Ilan Alfredo Mendes, teriam recebido valores de empresas contratadas pelo município, inclusive recursos provenientes da venda de notas fiscais falsas. Segundo o MP, a entrada de Tânia Mendes na chapa eleitoral teria como objetivo manter a influência política de seu tio, Marlon Zerrão, aliado direto do prefeito Paulo Curió.